Depósitos de carbono ao longo das áreas costeiras em todo o globo, incluindo manguezais, bancos de gramas marinhas e marismas (que são terrenos lamosos ou alagadiços à beira do mar), vêm armazenando enormes quantidades de carbono durante séculos. E esses depósitos podem fornecer uma ferramenta imediata e de baixo custo para conter os impactos das mudanças climáticas.
Chamados de "carbono azul" por sua habilidade de sequestrar e armazenar enormes quantidades de carbono, os ecossistemas marinhos costeiros apresentam grande potencial de mitigação do clima, se forem valorados e bem manejados. Segundo os cientistas, os depósitos totais de carbono por quilômetro quadrado nesses sistemas costeiros podem ser até cinco vezes maior que o carbono armazenado nas florestas tropicais. Isso é resultado da sua capacidade de sequestrar carbono em taxas até 50 vezes superiores às florestas tropicais.
"O que temos visto é que esses três ecossistemas - manguezais, bancos de gramas marinhas e marismas - são incrivelmente eficientes em armazenar carbono no sedimento abaixo do solo por séculos a fio", afirma Emily Pidgeon, diretora do Programa Marinho de Mudanças Climáticas da Conservação Internacional. "Para nós é tão natural que os oceanos devam ser parte da solução da mudança climática, que chega a ser até surpreendente que eles não tenham sido considerados até hoje".
ATENÇÃO
Os ecossistemas costeiros estão sofrendo perdas no mundo todo, em velocidade assustadora. Aproximadamente 2% estão sendo removidos ou degradados por ano.
● 35 mil km2 de manguezais foram removidos ao redor do mundo entre 1980 e 2005, o que equivale a uma área do tamanho de Taiwan.
●35% dos manguezais do planeta dizimados ou degradados; e
● 29% dos bancos de gramas marinhas do mundo já foram perdidos ou degradados.
"A perda dos manguezais é como um golpe duplo para o nosso planeta: primeiro, porque resulta numa rápida emissão dos estoques de carbono que, em muitos casos são resultado de séculos de depósitos combinada com a perda de oportunidade de futuros sequestros de carbono por essas áreas e, em segundo, porque destrói os habitats que são críticos para a as atividades de pesca em todo o mundo”, comentou um pesquisador.
REAÇÃO MUNDIAL
Objetivando minimizar o impacto da perda de ecossistemas chaves para o equilíbrio climático* foi criado o Grupo de Trabalho Internacional para o Carbono Azul Costeiro. Ele é composto por 32 cientistas de 11 países.
Este grupo foi o passo inicial no avanço das metas científicas, políticas e de manejo da Iniciativa Carbono Azul, cujos membros fundadores incluem a Conservação Internacional (CI), a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), e a Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da UNESCO.
*Sem eles há liberação crescente de CO2, que é O gás em maior quantidade no aquecimento global.
Infelizmente, mesmo com a reação inicial de reversão de perda de áreas de ecossistemas costeiros, o processo de destruição deles ainda é mais veloz.
Apesar de ser um trabalho de "formiguinha" nós do Projeto Uçá, estamos fazendo a nossa parte para ajudar dirimir este impacto.
Muito interessante !!
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