15 de maio de 2014

0 Investimento sustentável para desenvolvimento dos municípios

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Tudo que era resíduo se torna fonte de lucro para os investidores que aprenderam a arte da transformação. Arte e criação: Wemerson  O. Marreiro/sobre fotos de divulgação.

 

 

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Por: Karol Fernandes 11/05/2014

Além de proporcionar um bem incalculável para o meio ambiente, a reciclagem também representa recursos, gerando renda para milhares de famílias brasileiras

Só no ano de 2012 um balanço feito pela ONG Guardiões do Mar, de São Gonçalo, acusou que com o material recolhido pré-beneficiado e vendido para o mercado da reciclagem no Brasil foram poupados cerca de 2,7 milhões de litros de água usada na fabricação de bens. E mais 11.405,325 litros de água livres de contaminação de óleo vegetal usados em residências, 44.119 kg de bauxita, mais de 1.700 kg de areia, e 1.378,492 litros de petróleo, que retornaram para a cadeia produtiva. 

E esses números só aumentam. Com a coleta seletiva, os municípios economizaram 2.539,617 quilowatts de energia, quase 29 mil árvores foram preservadas e o principal, 416.304 kg de CO2, o famoso gás carbônico, não foram lançados na atmosfera. 

Além de proporcionar um bem incalculável para o meio ambiente, a reciclagem também representa recursos, gerando renda para milhares de famílias brasileiras. O lixo é dinheiro e gera dinheiro. 

A ONG Guardiões do Mar, com apoio da Petrobras, criou o projeto CataSonhos, uma rede de comercialização de materiais recicláveis. As cooperativas de catadores desse projeto são beneficiadas com doações de veículos, investimento de infraestrutura e acompanhamento técnico. Pedro Belga, biólogo marinho e presidente da ONG, explica como foi o início do projeto.

“Conhecemos os catadores, fomos para rua e conversamos com eles, vimos a realidade deles e depois o projeto foi criado. Eles receberam capacitação, souberam como realmente tratar o lixo e se tornaram verdadeiros empreendedores. Hoje, lidam com empresas o tempo todo e atuam com bastante seriedade”, afirma.

A cooperativa ReCooperar SG está dentro do projeto e atende, além da cidade onde está localizada, municípios vizinhos, como Niterói e Itaboraí e alguns bairros do Rio de Janeiro. 

“Esse material que eles recolhem não vai para a natureza, vai virar matéria-prima. Isso retorna para a sociedade pelo trabalho dessas pessoas. Todo mundo sai ganhando, a natureza que não vai receber o impacto do lixo, o catador que trabalha com isso e até a estética de ter as cidades limpas. É um grande negócio!”, empolga-se Belga. 

Nas cooperativas, os catadores conseguem lucrar até um pouco mais do que se estivessem trabalhando sozinhos, porque com uma estrutura de mais qualidade, a quantidade de lixo que podem conseguir é maior, e as doações por empresas também acabam se tornando maiores. 

A ReCooperar atende condomínios, empresas, bancos e organizações militares. E recolhem qualquer material reciclável: plástico, papel, alumínio e metais. Ações como essas colocam o Brasil entre os maiores recicladores desses materiais. As cooperativas vivem de doações de lixos aproveitáveis. A ReCooperar, atualmente, tem rendimento de R$ 14 mil. Quando cresce o número de empresas patrocinando e doando, também aumenta a quantidade de lixo, o que gera uma renda bem maior.

Todos os catadores atuam como miniempreendedores, ou seja, do valor adquirido com a venda dos materiais, 10% é encaminhado para o fundo da empresa e o restante é dividido igualmente. Há um total de 20 catadores na ReCooperar.

E todos são distribuídos por funções, como uma verdadeira empresa, explica o presidente da cooperativa, Sergio de Oliveira .

“Organizamos o máximo possível, tentamos separar por tipos de material, como papelão, papel, metal, vidro e plástico, logo que o caminhão chega. Usamos luvas e dependendo da função, como no picador de papel, protetores de ouvido por causa do barulho. Trabalhamos com segurança”, garante Oliveira.

“De todos os materiais recolhidos, o que rende mais é o plástico. A garrafa PET vende como água. Há também as caixas de leite, 100% recicláveis, e as latinhas de refrigerante, que têm muita saída. Cerca de 90% das latinhas no Brasil são aproveitadas”, acrescenta o presidente da cooperativa.

Óleo vegetal- A ReCooperar tem ainda um projeto para começar a reciclar óleo vegetal, filtrando e vendendo para a fabricação de sabão e biodiesel.  

O engenheiro ambiental Renato Iezzi garante que se as empresas aderirem à reciclagem, o processo pode ser interessante não apenas pelo aspecto ambiental.

“Adotar a reciclagem é fácil e traz pouco custo. É um processo simples, na qual é contratada uma empresa ou uma cooperativa para recolhimento e destinação desses materiais”, argumenta. 

Óleo de cozinha - O óleo caseiro também pode ser reaproveitado em vez de ser descartado fora pelo ralo da pia. O professor de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Déo Anselmo Pinheiro, recicla todo o óleo produzido pela faculdade há três anos, e o reaproveita para fazer sabonete. 

A reciclagem faz parte de um projeto multidisciplinar. No laboratório da faculdade o material é filtrado e depois passa por um tratamento com substâncias alcalinas e clarificantes. O óleo fica mais claro e vistoso. 

O próximo passo é diluir com água quente e acrescentar glicerina, substâncias hidratantes e conservante, para melhor qualidade e agregar valor ao produto. 

Na última fase é só colocar corante, essência e pronto: está fabricado um sabonete líquido reciclado. 

Após a preparação, o sabonete é submetido a um controle de qualidade em parceria com outras disciplinas.

O FLUMINENSE

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